sexta-feira, 11 de janeiro de 2013 | By: Vânia Santana

Entre apagões, racionamentos ou enchentes



Apesar da cara de lobo mau que o Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão,  faz ao negar a possibilidade de racionamento de energia, e da irritação que a governanta Dilma apresenta, quando alguém pronuncia a palavra “apagão” - ela, aliás, também já foi Ministra das Minas e Energia -  inclusive tachando como “ridícula” a hipótese de racionamento, esta já não é mais descartada, ao menos por especialistas, mais realistas do que os maquiadores profissionais do governo e simuladores do ‘está tudo bem’.

Obviamente que, assim como ‘privatização’ é diferente de ‘concessão’ para o governo petista, ‘racionamento’ também deverá receber um novo nome, digamos, ‘contenção’ ou algo do gênero.

A consultoria PSR, que assessora o governo, calcula 9% de chances de haver o racionamento de energia elétrica.
"Mesmo com todas as térmicas ligadas (incluindo as que ainda não estão no sistema), há cenários em que os reservatórios chegariam ao fim de abril bastante vazios", diz o presidente da empresa, Mario Veiga.  Nessa situação, acrescenta, a melhor alternativa seria um racionamento. A PSR produziu mais de 2 mil cenários hidrológicos, com as mesmas premissas adotadas pelo governo. "A única diferença é que nosso modelo é mais detalhado."
Nos cálculos da consultoria, para evitar que um racionamento se torne realidade, as represas das hidrelétricas terão de superar a marca de 38% de armazenamento. Abaixo disso, não há solução milagrosa. Hoje, na média de todos os sistemas, o nível dos reservatórios está em 30%, afirma Veiga. Ou seja, até o fim do período chuvoso, terá de subir 8 pontos porcentuais. (Informa o jornal O Estado de São Paulo de hoje).

Na ata da 122ª reunião de 13 de dezembro de 2012, no MME, tive informações mais detalhadas, transcrevo uma parte aqui pra vocês:

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ATENDIMENTO ELETROENERGÉTICAS DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL - SIN 
O ONS apresentou a avaliação das condições eletroenergéticas de atendimento ao SIN para o mês de dezembro/2012, relatando que um sistema de alta pressão não permitiu a permanência das frentes frias por muito tempo no continente, impedindo a ocorrência de precipitação significativa na maioria das bacias do SIN. Entretanto, segundo os modelos de previsão meteorológica, são esperadas chuvas mais intensas
no decorrer do mês, mais concentradas na região Sudeste / Centro-Oeste.
Para o cenário de afluências previsto, a  estimativa  é atingir, no final  do mês de dezembro/2012, um armazenamento (%EARmáx) de  33,4% no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, 34,5% no Nordeste, 40,2% no Sul e 47,2% no Norte.Ressaltou ainda que, segundo a Revisão 1 do Programa Mensal de Operação – PMO de dezembro/2012, são previstos 9.289 ̅MW de geração térmica por ordem de mérito e 4.497MW̅̅̅̅ por  garantia de segurança energética, que incluem as usinas do grupo GT1B (usinas a óleo combustível e óleo diesel).Quanto à carga, a média mensal prevista para  dezembro/2012 no SIN é de 61.717MW, o que representará uma elevação de  4,5% em relação ao mês de dezembro/2011.Relatou a necessidade de manter geração térmica nas usinas Candiota III, Presidente Médici, Jorge Lacerda e TermoNorte II, de modo a prover segurança elétrica às áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Acre-Rondônia. Ressaltou, entretanto, que o despacho necessário para as usinas Candiota III, Presidente Médici e Jorge Lacerda são cobertos por suas inflexibilidades.Com relação às políticas de operação, a região Sudeste/Centro-Oeste está sendo explorada para atendimento à região Sul e  o intercâmbio da região Nordeste  está sendo dimensionado para complementar as disponibilidades energéticas da região Sudeste/Centro-Oeste. Quanto à região Norte,  com o aumento das afluências, o reservatório da UHE Tucucuí  está sendo replecionado, tendo retornado à operação
quatro unidades geradoras da etapa II, e os excedentes energéticos utilizados, prioritariamente, para o atendimento à região Sudeste/Centro-Oeste. Na região Sul, está ocorrendo o replecionamento coordenado dos reservatórios das bacias dos rios Jacuí e Passo Fundo, para prover geração local ao Rio Grande do Sul, e preservados os estoques  nas  usinas da bacia do rio Uruguai para atendimento adequado às cargas no verão 2012/2013. Informou ainda que no dia 5 de dezembro de 2012 foi acionado o Esquema de Controle de Emergência  - ECE da SE Gravataí, de modo permitir maiores suprimentos à região Sul, e implementada, no dia 9 de dezembro de 2012, a interligação dos barramentos da SEs Garabi I e II, para que na contingência
da LT 500 kV Itá – Santo Ângelo não haja corte de carga no Rio Grande do Sul.O ONS apresentou também uma análise prospectiva do atendimento eletroenergético do SIN  para o período de janeiro/2013 a abril/2013, tendo concluído que será necessário despacho de geração térmica para atendimento aos requisitos de energia, bem como para demanda, ao longo do ano de 2013,  até que os níveis dos reservatórios atinjam valores que possam garantir o atendimento à demanda de  energia em 2013 e 2014, tendo-se como referência a ordem de grandeza dos níveis meta ao final de 2013.Os membros do Comitê ressaltaram que dado que o SIN é um sistema hidrotérmico, com cada vez menos capacidade de regularização dos reservatórios e maior participação de térmicas como recurso estrutural, passa a ser natural a utilização de geração térmica no SIN.
Foi relatado também que algumas usinas térmicas que estão sendo chamadas a gerar não estão despachando por problemas de  logística no fornecimento de combustível. O Senhor Ministro informou que estaria agendando para a próxima semana uma reunião com a Petrobras, para tratar do assunto. (grifo meu) 
Nesta ata vocês podem verificar, não só que já está em uso emergencial as termelétricas, o que com certeza garantirá aos amados consumidores e povo brasileiro o repasse nas contas e tarifas, como também há problemas de funcionamento de algumas por.... logística no fornecimento de combustível da Petrobrás!

Nos resta, mesmo no século XXI, pedir ensinamento aos índios para aprendermos a dança da chuva, e rezar, muito, para que elas caiam nos reservatórios e não nas cidades que já estão ou costumam ser castigadas pelas enchentes nos períodos de chuva.



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