domingo, 3 de fevereiro de 2013 | By: Vânia Santana

Brasil, verás que um filho teu não foge à luta?



Enquanto seguimos armados de teclados e mouses,  desabafando nossas desilusões, enchendo as páginas da internet com nossos blogs  e usando as redes sociais, onde expomos nossa incapacidade de reunir um numero expressivo de patriotas para irmos às ruas e exigir a moralidade e ética do poder público, forçando uma tomada de posição da parte que não está hipnotizada para salvarmos nossa pátria, os gananciosos pelo poder e dinheiro, avançam a passos largos rumo aos seus objetivos e conquistas.

Eles estão em toda parte, mas não chegaram lá por acaso.
Estão lá, eleitos e reeleitos pelo voto, e não porque foi a vontade daquele que sempre dizemos que é Brasileiro..
Nascidos no Brasil, muitos são os que se lembram que são brasileiros, e se orgulham disso, apenas no momento em que torcem pela vitória de um atleta ou seleção esportiva que representa a bandeira verde e amarela. Estes são em número o suficiente para fazer com que todo o restante tenha que sofrer as conseqüências de suas escolhas.
Porque assim funciona a Democracia, onde a maioria decide por todos.
Mesmo que sejam aqueles que não se informam, não se importam, não tem memória e de nada disso fazem questão. Sejam os iludidos pelas promessas de campanhas, pelas propagandas, pelas vozes sedutoras, jamais procuram se informar da verdade...Sejam os que vendem seu voto, e tanto faz o valor que recebem...e sejam os outros tantos que o anulam ou votam em branco, achando que estão protestando, mas não enxergam que estão sendo omissos. Porque deram aos outros a responsabilidade de escolher por eles.  E depois disso ainda se acham no direito de reclamar de qualquer coisa. Do aumento dos alimentos, do aluguel, do combustível. Das tragédias ambientais. Da Educação, da Saúde Pública. Dos impostos. E reclamam dos serviços públicos, porque se dizem cidadãos que pagam impostos. Não vêem que não são cidadãos. São apenas contribuintes.
Muitos não contratariam um funcionário que estivesse com nome no SPC, ainda que fosse pela infelicidade de não poder ter pagado uma conta, porque ficou desempregado. Muitos não conseguem crédito ou emprego por este motivo. Mas elegem sem nenhuma verificação ou até com conhecimento, pessoas com processos criminais, que governarão o país com o dinheiro público que pertence a todos os seres da nação para ser usado em seu benefício.

Fiz um levantamento de parlamentares em exercício, e que estão sob investigação, e quais  os inquéritos e ações penais que respondem, que rendeu 14 páginas, somente com deputados e senadores.  Um chega a ter 17 processos abertos por 5 crimes diferentes. Possivelmente precisará atualizações diárias. Veja a lista clicando aqui. Todos têm direito a presunção da inocência, por certo. Mas sabemos que nem por isso todos são inocentes ou se transformam em inocentes por eficiência de advogados e promotores. Ou por processos engavetados. E se o ficha limpa tivesse sido aprovado com a intenção primária, qualquer candidato que tivesse processo não poderia sequer concorrer, menos ainda exercer mandato.

E enquanto a população padece das mais diversas necessidades, bilhões são desviados do dinheiro público para satisfazer objetivos e interesses próprios dos que estão no poder.
E como são eles os que fazem as leis, estão protegidos pela impunidade. Pela renúncia. Nem o ficha limpa os alcança, em sua maioria, pois por pior que seja a acusação, se não tiver sido julgado e condenado, se manterão lá, até o último recurso. Alguns, mesmo condenados pelo STF, ainda estão. Isto significa, que pela morosidade de nossa Justiça, um processado ou réu pode se eleger e exercer um mandato inteiro ou mais de um, sem ser impugnado.

É a política a ciência que muda o caráter das pessoas? Um dia, cedo ou tarde demais, descobrirão que a política apenas potencializa o caráter inato de quem a exerce. Para o bem ou para o mal.
Descobrirão que a qualidade do que há hoje no poder, é aquela que a maioria do povo decidiu ter e aceitar.
Um povo que já foi às ruas aos milhões, pedir pelo direito de voto, no Diretas Já.
Um povo que já foi às ruas pedir o impeachment de um presidente.
Se os políticos são todos iguais, na opinião de uns,  já o povo, este não é mais o mesmo.
Aos que ainda se indignam, por amor próprio ou a este chão, e ainda tem alguma fé, só resta pedir ao Criador que tenha piedade e lance sobre o Brasil uma tempestade de coragem e patriotismo.





'Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer…
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor, ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’.
Rui Barbosa

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Anônimo disse...

bom...

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